Neste século XXI, de avanços e retrocessos em matéria educacional, precisamos reaprender o nosso ofício. Pois com o complexificar da sociedade, a educação entendida como prática social no interior desta, vem se deparando com novos problemas, que não podem ser resolvidos com as velhas soluções.
Está mais do que claro que as políticas reformistas e puramente técnicas, estão longe de solucionarem as problemáticas da educação escolar. Isso porque, se faz preciso que aprendamos a transgredir a norma, o normalismo e formalismo dentro de nossas escolas. E transgredir, significa: não cumprir a lei, burlar o que está estabelecido, violar a paz que o formalismo dá a escola.
Não sei aonde quero chegar com esta reflexão, mas sei o que quero dizer... no avançar deste escrito, você deve está já pensando comigo o ambiente que impera na escola, não?! Ambiente que não existe tensão, que não abre espaço para o conflito, o contrário, a transmissão e a produção do saber, que não preocupa-se com o político do que é pedagógico, que não faz questão de fugir do conteudismo e tecnicismo, ao contrário... pune quem assim o faz.
Assim como existem pessoas que pensam a história como um “ente” acabado e que determina a humanidade, existem muitos “educadores” que acreditam em um currículo determinado, que não pode reproduzir senão aquilo que o determina!
Isto pode ser explicado por muitos motivos, um deles consiste no medo do novo, pois o velho que até agora reina nas escolas, é mais seguro, fácil, dá resultados imediatos... claro que se o modo velho de pensar e fazer a educação estivesse comprometido com o mundo novo estaríamos criticando o que se diz novo! Mas, assim não é! O novo que estamos citando, refere-se a uma nova forma de entender a educação popular, não com os mecanismos da educação elitizada! A educação popular, percebe e vive o que é político, daquilo que para a educação elitizada é só pedagógico! A educação popular problematiza o conhecimento estabelecido por alguém ou aquele que está presente em algum lugar. Exemplo: livro didático. O conhecimento para uma educação popular é essencialmente “conscientizável”, politicamente comprometido com um determinado tipo de sociabilidade. E não só conhecimento para ser cobrado numa prova ou para servir como ingresso em cursos de nível superior. Na educação popular, temos a certeza que o educando aprendeu quando ele relata que aquele conhecimento serviu para o entendimento de sua realidade, quando pôde compartilhar com alguém este conhecimento e transformar aquilo que na sua realidade imediata, feriu a dignidade humana!!! Não há avaliação que seja mais produtiva que essa!!! E não venham me dizer o contrário de tudo o que escrevi!!!
Então... quando agimos através de uma resistência pró-ativa, numa vertente que preocupa-se com a emancipação daqueles que sabem que estão sendo lesados quanto ao direito a uma educação de qualidade e da daqueles que ainda não tem a consciência disto mas que precisam saber, agimos com um profundo respeito aos direitos humanos, que devem ser reconhecidos não só legalmente, mas éticamente e Pedagogicamente.
Recorrendo ao Paulo Freire que dizia que nosso ato de educar é sempre um ato contra alguém e a favor de alguém, é sabido que nossa educação promovida nas escolas nunca foi, é ou será uma prática neutra. Portanto, tudo que pudermos fazer para nos comprometermos com a educação popular, será sempre uma postura humana, ética e politicamente comprometida com o novo tipo de sociedade, que por sua vez será reflexo desta educação e condicionante dela.
No mais, queremos deixar bem claro que, nossos métodos, recursos, teorias, organização do tempo e do espaço escolar, conteúdos, personalidade, relação com os educandos, tudo! Absolutamente tudo! está vinculado a interesses bem mais além dos muros da escola! Portanto, a transgressão da ideologia capitalista, nos moverá a construção de novas e melhores relações entre os humanos desta geração e das próximas. Sendo assim, não podemos transferir essa dimensão político da educação a ninguém. Pois compartilhamos do mesmo sub-solo!
PAULO ROBERTO LEAL - PEDAGOGO
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